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quarta-feira, 3 de março de 2010


CANÇÃO PRAIANA
Nilo Ferreira Soares

Vento suleste, praiano, faceiro,
trazendo arrepios, à tarde, do mar,
fazendo da praia batido terreiro
para a ciranda brincar e dançar

Por cima das moitas, também fandangueia
Em pinchos se joga por sôbre o jundú
e atira e retira punhados de areia
até ter balanços o mandacarú

E pelos barrancos, gramíneas amassa;
comprime e suspende os cambucaeiros;
E rodomoinha. E pula, faz graça
jogando gravetos nos peguassueiros!...

É Pan, com sua flauta, tocando a surdina
que os galhos, cipós e caragoatas,
compreendem e seguem - toada ladina -
e dançam, atôa, que nem boitatás!

E segue o caminho, da praia distante,
com flôres silvestres se torna aromal.
E só de passagem, feceiro, excitante,
põe mil tremeduras no mandiocal!...

Mas quando na casa do humilde caiçara
fechada com trancas, não pode ele entrar!
Só de pirraça: Derruba a jissará
onde a libita dançava a secar!...

E volta à palhoça, subindo nas palhas
que servem de toto, de céu ao praiano,
berrando nas frinchas, nas mínimas falhas,
acintes tirados na voz do oceano!...

Vento suleste que canta e troteia,
que ralha, que brinca, faceiro, insolente!...
Em pinchos, jogando punhados de areia
atira saudades na alma da gente!

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