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sexta-feira, 9 de maio de 2008

CAVALEIRO DAS LETRAS E DA MÚSICA



A Alma dos Diferentes

Artur da Távola

{ Paulo Alberto Monteiro de Barros }
* 3 de janeiro de 1936
+ 9 de maio de 2008


".. Ah, o diferente, esse ser especial!

Diferente não é quem pretenda ser.
Esse é um imitador do que ainda não
foi imitado, nunca um ser diferente.

Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora,
momento e lugar errados para os outros.
Que riem de inveja de não serem
assim.
E de medo de não agüentar, caso um dia venham, a ser.
O diferente é
um ser sempre mais próximo da perfeição.

O diferente nunca é um chato.
Mas é sempre confundido por pessoas menos
sensíveis e avisadas.
Supondo encontrar um chato onde está um diferente,
talentos são rechaçados; vitórias, adiadas; esperanças, mortas. Um diferente
medroso, este sim, acaba transformando-se num chato.
Chato é um diferente
que não vingou.

Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os
entendem.
Os diferentes raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo
inteiro.
Diferente que se preza entende o porque de quem o agride.
Se o
diferente se mediocrizar, mergulhará no complexo de inferioridade.

O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer - alterando
algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores.
O diferente suporta e digere
a ira do irremediavelmente igual: a inveja do comum; o ódio do mediano.
O
verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão, mas que está sempre certo.

O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais de mãos
dadas, e até mesmo alguns adultos por omissão, se unem para transformar o
que é peculiaridade e potencial em aleijão e caricatura.
O que é percepção
aguçada em : "Puxa, fulano, como você é complicado".
O que é o embrião de um
estilo próprio em : "Você não está vendo como todo mundo faz?

O diferente carrega desde cedo apelidos e marcações os quais acaba
incorporando.
Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram
( e se transformam) nos seus grandes modificadores.

Diferente é o que vê mais longe do que o consenso.
O que sente antes mesmo
dos demais começarem a perceber.
Diferente é o que se emociona enquanto
todos em torno agridem e gargalham.
É o que engorda mais um pouco; chora
onde outros xingam; estuda onde outros burram.
Quer onde outros cansam.
Espera de onde já não vem. Sonha entre realistas.
Concretiza entre
sonhadores.
Fala de leite em reunião de bêbados.
Cria onde o hábito
rotiniza.
Sofre onde os outros ganham.

Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera.
Aceita empregos que
ninguém supõe.
Perde horas em coisas que só ele sabe importantes.
Engorda
onde não deve.
Diz sempre na hora de calar.
Cala nas horas erradas.
Não
desiste de lutar pela harmonia.
Fala de amor no meio da guerra.
Deixa o
adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar.
Ele
aprendeu a superar riso, deboche, escárnio, e consciência dolorosa de que a
média é má porque é igual.

Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados,
magros demais, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo,
excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas
erradas, cheios de espinhas, de mumunha, de malícia ou de baba. Aí estão,
doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.

A alma dos diferentes é feita de uma luz além.
Sua estrela tem moradas
deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir entender.
Nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são
capazes.

Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja
suficientemente forte para suporta-lo depois."

quinta-feira, 8 de maio de 2008

NOSTALGIA > Amor ao Léu

AMOR AO LÉU
Guida Linhares
Enamorada sou da vida,
de tudo quanto me rodeia,
de lembrança antiga querida,
de uma noite de lua cheia;
quando ao nascer da aurora,
declaraste o teu profundo amor.
Recordações de tempos de outrora,
em que tudo era paixão e ardor.
E os anos foram passando,
enamorados da vida ficávamos,
a ver nosso jardim vicejando,
em mil cores, porque nos amávamos.
Mas o destino nos separou,
numa noite de quarto minguante,
onde o sonho por fim acabou,
tornando tudo um amargo levante.
Cicatrizada a ferida do coração,
voltei a me enamorar pela vida.
Deixando fluir uma nova emoção,
na esperança da certeira guarida.
Mas às vezes me vejo entretida,
em contemplação, olhando o céu,
pois busco numa estrela perdida,
o nosso amor dissolvido ao léu.
Santos/SP - 12/06/07
Marcas do Tempo
Guida Linhares
Às vezes nem tanto,
o viver é um encanto.
Mas traz em seu tempo,
uma certa medida,
de alegria e de pranto,
quem sabe um amor,
num doce acalanto.
No relógio que marca
as horas corridas,
num ponteiro velóz,
do tempo um algóz,
sentimos a vida
esvair-se em nós,
em estações vividas.
Se as rugas do rosto
são marcas do tempo,
as chagas na alma
são feridas profundas,
que trazem o saber
fortalecendo o ser,
em evoluções fecundas.
A busca da felicidade,
constrói mil sonhos,
em qualquer idade.
Buscar a si mesmo,
conhecer-se melhor,
estimar-se o bastante,
faz o ser ir avante.
Sentir que o mundo
gira lá fora.
Que há um sentir profundo,
que embala as horas.
Que não se está sozinho
quando no coração
habita o carinho.
Santos/SP
08/03/07

terça-feira, 6 de maio de 2008

Inspiração poética> NEL DIA QUE ME QUEIRAS

NO DIA EM QUE ME QUISERES...

Guida Linhares

Teus olhos fitam um horizonte distante
talvez além da serra, quem sabe perto do mar.
Em teu olhar o sorriso do sereno navegante,
que sabe o que quer e vai muito longe buscar.

Foi assim que chegastes até onde estou,
trazendo em tuas mãos a suavidade
de amorosa amizade que de imediato marcou,
o início de uma trajetória rumo à felicidade.

A partir de então, todos os dias me destes flores.
E foram tantas e tão perfumadas, que não resisti!
No acinzentado coração, tu adentrastes pincelando as cores
e logo na cadeira cativa dos mais belos sonhos, eu te percebi.

Sempre com a tua tranqüilidade e o sorriso estampado,
me pegaste pela mão a refazer o real caminho,
que leva ao prazeroso mundo do amor encantado,
que traz a mágica hora a dois, de excepcional carinho.

Mas ainda precisavas mais e não contente,
me fizestes prometer que no dia em que eu te quiser,
tu virás serra abaixo, montado em teu corcel valente,
a desbravar montes e nuvens, num extremo bem querer.

E agora aqui estou, de coração aberto,
a te afirmar com toda a convicção da minha alma,
que já te conheço há séculos, sendo tão certo
quanto a verdade que em nossa mão se espalma.

E poderás vir a hora que desejares.
Estarei te esperando no jardim florido
que adorna a praia. Iremos andarilhar pelos mares
descalços e serenos, buscando em tudo, o real sentido.

Talvez o momento seja de um encontro presente,
de algo que se perdeu ao longo do passado.
Quem há de saber do destino, o precedente
que faz com o coração se torne enamorado.

Santos/SP/Brasil
05/05/08
Foto de Ricardo Canio
Amigo do Grupo Sonico

domingo, 4 de maio de 2008

HOMENAGEM

A Flor e o Ar
Cecília Meireles
A flor que atiraste agora,
Quisera trazê-la no peito;
Mas não há tempo nem jeito...
Adeus, que me vou embora.
Sou dançarina do arame,
Não tenho mão para flor:
Pergunto, ao pensar no amor,
Como é possível que se ame.
Arame e seda,percorro
O fio do tempo liso.
E nem sei do que preciso,
De tão depressa que morro.
Neste destino a que vim,
Tudo é longe, tudo é alheio.
Pulsa o coração no meio
Só para marcar o fim.

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