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quinta-feira, 24 de julho de 2008

ROMANTISMO POÉTICO



DE QUERER-TE ASSIM...

Guida Linhares


A vida foi arrancando pouco a pouco todas as melhores ilusões.
E num barco à deriva, a âncora foi jogada nas profundezas
para que nunca mais se voltasse a sentir o aquecer de corações
que batem em uníssono, quando envolvidos em suas certezas.

Pensava-se que tudo o que tivesse de sentir ou vivenciar,
já estaria cristalizado no percurso, em passado tranqüilo;
apenas revolucionado pelos desencontros do diferente sonhar,
entre duas criaturas que muito se amaram, mas em diferente estilo.

Quis o destino que os caminhos se tornassem paralelos,
e nada mais houvesse que unisse de novo a fragmentada relação.
Se de um lado o desejo de mudanças fez romper os elos,
do outro lado, não houve como evitar a cruel decepção.

E foi um tempo enorme de tristezas e lágrimas derramadas,
em que nada parecia fazer sentido, apenas as obrigações
mantiveram acesas a chama da vida, em quimeras tragadas,
ao longo das noites insones, mergulhada em recordações.

Contudo bem lá no fundo do coração a luzinha da esperança
teimava em bruxulear no candeeiro da bendita renovação.
Ainda que céus e terra contribuíssem para manter a crença,
de que o viver partilhado é preferível ao enfrentar da solidão;

ainda assim, o tempo foi passando sem um novo momento.
Aqui e ali, amizades se solidificando, porém o amor escondido.
Eis que de repente, um perfil, um rosto, um sutil sentimento,
fez-se presente. Um suave perfume em doces palavras retido.

A magia se fez novamente inundando a alma que se alegrou,
por redescobrir-se em vestes douradas de expectativas,
por olhos amorosos e bocas sequiosas, que o desejo despertou,
através de encantadores enlevos ou em deliciosas prosas festivas.

Hoje a espera ansiosa pelas horas compartilhadas,
move a emoção em seus enfeitiçadores e sutis matizes.
Nas longas noites, não existem mais ânsias desesperadas,
mas o sentir dos corpos sutís enroscados em profundas raízes.

Às vezes, a saudade é tanta que chega a doer o peito,
pois a distância louca nos separa. Reaprendi a amar.
Se um dia acreditei piamente não haver nenhum amor perfeito,
de querer-te assim...passo as horas do dia a contigo sonhar.

Quero agradecer aos céus, ter conhecido alguém tão especial.
Estar compartilhando tantos momentos, sem nem saber exatamente,
o que nos moveu, se atração ou apenas o cultivar de uma amizade virtual.
Agora sinto que o acaso resgatou um desejo de amor, unindo mente e coração.

Mas como todo sonho termina, o nosso também chega agora ao término fatal.
Nem sempre aquilo que o coração deseja, encontra a sonhada guarida.
Talvez o vento soprando em direções contrárias, num tempo ainda ocasional ,
mostre que na escalada de nossas melhores ilusões, torna-se inevitável a partida.


Santos/SP/Brasil


terça-feira, 22 de julho de 2008


CONTO DE FADAS
Guida Linhares

O primeiro me chegou
com seus olhos de príncipe,
me pegou pela mão e me arrastou
ao som de tantas melodias,
por anos a fio.
Até que um dia,
sem que me desse conta,
do conto de fadas, um elo se partiu
e para sempre, ele se foi, sumiu!

O segundo me chegou,
parecendo tão amável;
recolheu meus cacos,
transformou-os em páginas alegres
de meu conto de fadas.
Era como uma brisa a
refrescar um coração atormentado.
Rápido veio, mas logo se foi, nem elo formou.
Do livro, as páginas arrancou.

O terceiro me chegou,
trazendo rosas brancas
ofertando-as com carinho,
de quem vem, mas ainda nem sabe,
se quer realmente ficar.
Talvez ainda hajam tantas incertezas,
que nem mesmo eu sei,
onde guardei meu conto de fadas.
Esqueci do livro,
em algum momento de forte crivo!

As chegadas da vida
sempre são surpresas que o tempo,
prepara cauteloso,
pois o coração humano,
sempre será uma caixinha de surpresas.
O encanto da vida
está em vivê-la com toda a sua plenitude,
e no livro de contos de fadas,
cada um escreve a sua estória,
de sonhos, esperança, fracassos e glórias.

Santos/SP/Brasil